RA da CIC Caxias debate os desafios humanos em meio ao avanço da tecnologia

Publicado em 28/04/2025
por Filipe Brogliatto

Pesquisadora Sabina Deweik palestrou no evento desta segunda-feira (28)

A transformação tecnológica e seus impactos sobre a humanidade foram tema da Reunião-Almoço (RA) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) nesta segunda-feira (28). A pesquisadora Sabina Deweik abordou o desafio de equilibrar o avanço exponencial das tecnologias com a preservação de competências humanas fundamentais.

Durante a palestra, Sabina ressaltou que a sociedade atual vive um momento de “futuros dicotômicos”, com o crescimento simultâneo da hiperconectividade e da busca por conexões humanas reais. “Todos nós realmente somos a geração da transição, porque a mudança está tanto para as pessoas que nasceram no pós-guerra quanto para esses bebês que estão nascendo, que já são a geração da inteligência artificial”, afirmou.

Segundo a palestrante, será essencial desenvolver “competências híbridas”, que combinem o domínio tecnológico com habilidades tipicamente humanas, como criatividade, empatia e inteligência emocional. “De um lado, a gente vai ter que letrar as pessoas com tecnologia, com inteligência artificial, isso vai ser básico. Mas, de outro lado, a gente vai ter que letrar as pessoas em como voltar e resgatar o sentido de humanidade”, explicou.

Sabina destacou que, enquanto máquinas operam com base em dados e padrões já existentes, a imaginação e a criação de novos futuros são capacidades exclusivamente humanas. “Máquina não sente. E máquina se baseia, inteligência artificial se baseia em dados pré-existentes. […] Tudo começa na nossa imaginação. O homem é capaz de imaginar coisas incríveis”.

Outro ponto abordado foi o desafio intergeracional dentro das empresas. De acordo com Sabina, as diferentes gerações que hoje convivem no mercado de trabalho — dos baby boomers até a geração Z — têm visões distintas sobre propósito, trabalho e qualidade de vida. “As empresas, intencionalmente, têm que criar ambientes intergeracionais, como mentoria reversa e rituais onde colocamos essas gerações juntas na mesa para discutir o mesmo problema”, sugeriu.

Em resposta a uma pergunta da plateia sobre o impacto da tecnologia no atendimento em áreas como a saúde, Sabina alertou para o risco de focar apenas nas ferramentas, sem pensar na finalidade humana. “A ferramenta é um meio, ela não é um fim. Tudo depende de como você vai usar essas ferramentas. […] A gente sempre tem que lembrar de usar com sentido, com significado, de modo ético, de modo consciente”.

Ao encerrar sua participação, a palestrante também reforçou que o papel da liderança nas organizações será cada vez mais o de garantir que o uso da tecnologia ocorra de forma ética e orientada para o bem-estar coletivo. “A tecnologia pode ir tanto para o bem quanto para o mal. Então é papel de um gestor, é papel de um líder ter mais consciência, mais intencionalidade em criar maneiras mais éticas de usar a tecnologia”, concluiu.