Palestrante destacou a importância da adequação à legislação de logística
A Reunião-Almoço (RA) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviço (CIC) de Caxias do Sul, realizada nesta segunda-feira (17), contou com a presença do administrador de empresas Marcos Oderich. Natural de São Sebastião do Caí, ele é o atual presidente do Conselho de Administração e diretor comercial da Conservas Oderich, além de presidir o Sindicato de Alimentação e Bebidas do RS.
O tema central da palestra foi a legislação sobre logística reversa, destacando a necessidade de adequação das empresas às novas exigências legais. Oderich ressaltou que “muitos empresários não acreditam que a lei realmente vai ser cumprida”, mas alertou que estados como Mato Grosso do Sul já estão aplicando multas significativas àquelas companhias que não comprovam o cumprimento das regras. No Rio Grande do Sul, a regulamentação da lei estadual de logística reversa está em andamento e, a partir de junho de 2025, a cobrança será rigorosa para as empresas que não apresentarem um plano de recuperação de embalagens. “Se não houver o cumprimento da lei, essa conta virá de forma pesada e bastante complicada para essas empresas”, afirmou.
Durante coletiva de imprensa, o empresário falou sobre a reconstrução da Oderich após os impactos das enchentes de 2023 e 2024. O executivo explicou que “nós estamos trabalhando na reconstrução da empresa, das linhas perdidas, e não é um processo rápido”. Ele detalhou que a aquisição de maquinários especializados envolve prazos longos de entrega, o que dificulta a retomada da produção. “Muitas coisas estamos fazendo manualmente, onerando e sendo ineficientes, mas estamos retomando”, explicou Oderich. Apesar dos desafios, a empresa segue operando com o apoio de seus colaboradores, fornecedores e clientes.
Oderich também mencionou as dificuldades enfrentadas para a obtenção de recursos financeiros para a reconstrução, destacando que os auxílios disponibilizados pelo BNDES são limitados e possuem juros elevados. “Foi muito difícil a obtenção desse recurso e ele foi liberado para nós em fevereiro deste ano somente. Trabalhamos arduamente para poder cumprir todas as etapas e nos enquadrar dentro das exigências do BNDES”, afirmou. O investimento estimado para a recuperação da empresa gira em torno de R$ 120 milhões.
Outro tema relevante discutido foi o impacto do aumento dos custos no setor alimentício, especialmente no segmento de embalagens, cujo mercado é dominado por poucas empresas. Oderich destacou que “as embalagens no Brasil são muito caras e estão concentradas em setores muito estruturados”. Ele citou o monopólio de grandes empresas nos segmentos de vidro, PET, plásticos e alumínio, o que encarece os produtos finais. “O que mais preocupa também são as questões de energia, questão logística, regulamentações e tributos que não param”, lamentou.
Por fim, o palestrante trouxe reflexões sobre a gestão de resíduos e a coleta seletiva, apontando desafios na colaboração entre setor público e privado. Ele criticou a ineficiência do sistema de gestão de lixo em muitas cidades e a interferência de catadores que acabam desorganizando a coleta. “Temos uma estrutura implantada pelas prefeituras que pagam caro por seus contratos de coleta de lixo, mas muitos catadores reviram tudo, bagunçam a coleta seletiva e isso acaba gerando concorrência desleal”, afirmou. Ele defendeu uma maior conscientização da sociedade e uma postura mais ativa dos cidadãos para garantir a eficácia das políticas ambientais e sociais. “Acho que a sociedade tem que enfrentar essa situação”, concluiu.