Inflação de fevereiro sobe 1,31% pressionada pela alta da energia elétrica

Publicado em 12/03/2025
por Filipe Brogliatto

Índice atinge maior patamar desde março de 2022

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, fechou fevereiro em 1,31%. Esse é o maior resultado desde março de 2022, quando o índice registrou 1,62%, e o mais alto para um mês de fevereiro desde 2003, que marcou 1,57%.

Os dados, divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, no acumulado de 12 meses, a inflação soma 5,06%. Esse é o nível mais elevado desde setembro de 2023 (5,19%) e está acima da meta do governo, que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos – ou seja, entre 1,5% e 4,5%.

Desde o começo do ano, a avaliação da meta considera os 12 meses imediatamente anteriores, e não apenas o índice de dezembro. A meta só é considerada descumprida caso ultrapasse o intervalo de tolerância por seis meses consecutivos. Em janeiro, o acumulado de 12 meses foi de 4,56%, tornando fevereiro o segundo mês fora do limite.

Energia elétrica impulsiona a inflação
A alta de 16,8% na energia elétrica foi o principal fator de pressão inflacionária, impactando o índice em 0,56 ponto percentual. O aumento foi reflexo do fim do Bônus Itaipu, desconto aplicado nas contas de luz em janeiro, que ajudou a conter a inflação daquele mês (0,16%).

Com o encerramento do benefício, o item habitação – que havia registrado queda de 3,08% em janeiro – disparou 4,44% em fevereiro, representando o maior impacto inflacionário do período (0,65 ponto percentual).

“O subitem energia elétrica residencial passou de uma queda de 14,21% em janeiro para uma alta de 16,80% em fevereiro”, explica o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves. Ele destaca que, sem esse impacto, a inflação do mês teria sido de 0,78%, ainda assim a maior desde fevereiro de 2024 (0,83%).

Mensalidades escolares também pesam no índice
O segundo maior impacto inflacionário veio do setor de educação, que subiu 4,7% e representou uma pressão de 0,28 ponto percentual. O reajuste anual das mensalidades foi o principal fator, com aumentos expressivos no ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%).

Alimentos sobem, mas em ritmo menor
Os preços dos alimentos, uma das maiores preocupações do governo, registraram alta de 0,70% em fevereiro, abaixo da variação de 0,96% observada em janeiro. Os itens com maiores aumentos foram o café moído (10,77%), que teve impacto de 0,06 ponto percentual, e o ovo de galinha (15,39%), que pressionou o índice em 0,04 ponto percentual.

“O café, com problemas na safra, está em trajetória de alta desde janeiro de 2024. Já o aumento do ovo se justifica pela alta na exportação, após problemas relacionados à gripe aviária nos Estados Unidos e também pela maior demanda devido à volta às aulas. Além disso, o calor prejudica a produção, reduzindo a oferta”, explica Gonçalves. Em 12 meses, o café acumula alta de 66,18%.

Transportes também impactam o IPCA
O grupo transportes registrou alta de 0,61% (impacto de 0,13 ponto percentual), abaixo do avanço de 1,30% em janeiro. O aumento no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) influenciou a elevação de 2,89% no preço dos combustíveis.

A gasolina subiu 2,78% e representou a segunda maior pressão individual no IPCA, com impacto de 0,14 ponto percentual. O óleo diesel teve alta de 4,35%, enquanto o etanol subiu 3,62%. O impacto da gasolina foi mais expressivo porque tem maior peso na cesta de consumo das famílias.

No total, 92% da variação do IPCA em fevereiro vieram de quatro dos nove grupos pesquisados: habitação, educação, alimentação e bebidas, e transportes.

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