“Não há rotina na nossa profissão”, diz o taxista caxiense Marcos Flores

Publicado em 26/07/2024
por Filipe Brogliatto

Momentos tensos, emocionantes e engraçados marcaram a carreira do segundo entrevistado em homenagem ao Dia do Motorista

Nesta sexta-feira (26), vamos conhecer a história do taxista Marcos Flores, que há 13 anos está na lida de motorista em Caxias do Sul. Esta é mais uma da série de entrevistas da Rádio Solaris para homenagear os motoristas brasileiros pela passagem do dia 25 de Julho.

Flores conta que a parte boa da profissão de taxista é não ter uma rotina e que os dias são aleatórios: “nem um dia é igual ao outro”.

Marcos diz que já ocorreram momentos emocionantes e engraçados e que em muitos momentos se transforma em uma espécie de psicólogo dos clientes e em outros momentos serve de companhia para pessoas sozinhas.

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Qual foi o momento mais emocionante do teu dia a dia, tem algum que marcou?
Uma coisa bem emocionante que aconteceu comigo nesses 13 anos é que um tempo atrás eu recebi uma ligação de uma senhora que estava chorando, era mais ou menos umas dez horas da noite, e ela chorava muito. Ela pediu para eu buscar o marido dela ali em Galópolis, porque elas tinham ligado para o Samu, e o Samu não foi. Enfim, cheguei lá, o senhorzinho estava infartando. Corri com ele para o hospital, a vida dele foi salva, hoje já faz uns 5 anos que ele está bem de saúde.

Teve algum momento engraçado que te marcou?
Sim, teve um dia que eu fui levar uma senhora em um velório e essa senhora ficou a tarde toda lá no velório da amiga, só que ela não chegou perto do caixão. Quando ela chegou para se despedir da amiga, ela acabou vendo que não era no velório da amiga dela que ela estava. E ela foi no velório errado.

Apesar da correria é possível um motorista de táxi fazer amigos?
Sim, tenho clientes há 13 anos, que eu considero como amigos. Esses clientes me consideram como amigo também. Alguns deles me falam que eu deveria ser psicólogo, não taxista, porque eles conversam muito comigo e eu entendo a situação deles, acabam conversando e eles acabam se aliviando um pouco também. E eu os tenho como amigos. Mas tem algumas coisas também que acontecem, alguns estresses devido ao trânsito.

E tem clientes que eu vou levar para a vida toda, que são alguns clientes que eu levo ao mercado, ajudo eles a fazer a compra, empurro carrinhos, levo o carrinho até o caixa, faço as compras deles, levo eles para casa. Alguns clientes eu acompanho até no hospital, eles vão fazer alguma consulta, eles não têm acompanhante, não tem família, são pessoas sozinhas, e daí eles precisam de um acompanhante, então eu vou lá e faço isso, dá tudo certo.

Como é a rotina do trânsito?
Trânsito tem dias que está péssimo e algumas pessoas acabam se estressando, xingando e assim por diante. Mas eu como sou uma pessoa muito de bem, estou sempre tranquilo, nunca me estresse. Nada, então é o dia a dia de um taxista.

Números
Existem no país 945 mil motoristas de aplicativo e taxistas, 322 mil motociclistas que fazem entregas, 222 mil mototaxistas e 55 mil trabalhadores que usam outro meio de transporte para entregar produtos. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Neste sábado (27), vamos contar a história do caminhoneiro de Flores da Cunha, Ederaldo Bolssoi, 45 anos, e que desde de 2001 atravessa o país dirigindo caminhão.