Mudança impulsiona exportações e fortalece competitividade da bebida nacional
O suco de uva brasileiro obteve um importante reconhecimento internacional após a aprovação de uma mudança na Norma Geral para Sucos de Frutas e Néctares do Codex Alimentarius. A nova regra permite que os sucos produzidos especialmente o produzido a partir da espécie Vitis labrusca, atendam ao limite mínimo de 14° Brix, índice que mede a concentração de açúcar.
Antes, o padrão internacional exigia um mínimo de 16° Brix, o que excluía cerca de 45% da produção nacional.
A alteração é resultado de anos de articulações técnicas e diplomáticas lideradas por órgãos brasileiros, como o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com suporte de estudos conduzidos por instituições como o Laboratório de Referência Enológica (Laren).
Impacto na vitivinicultura brasileira e gaúcha
A conquista é especialmente significativa para o Rio Grande do Sul, principal produtor de suco de uva do país. Com a nova norma, os produtos brasileiros ganham maior competitividade no mercado global, abrindo oportunidades para exportação e reconhecimento das especificidades locais.
O presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) Luciano Rebellatto, diz que “O Brasil possui um enorme potencial inexplorado no mercado externo, especialmente com o suco de uva produzido com Vitis labrusca, símbolo da nossa vitivinicultura. Alinhar os padrões internacionais às nossas características é um passo essencial para ampliar a visibilidade e as oportunidades comerciais”.
A Dra. Fernanda Spinelli, delegada científica brasileira na Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), destaca o caráter histórico da decisão. “Essa mudança representa o reconhecimento das características únicas do nosso suco de uva e marca um novo capítulo para a viticultura nacional, com base científica e respaldo internacional.”
O caminho até o reconhecimento
Desde 2018, o Brasil desenvolveu esforços para adaptar os padrões globais às características do suco de uva reconstituído produzido com Vitis labrusca. O processo envolveu negociações no âmbito do Codex Alimentarius, uma referência internacional de normas alimentares criada pela FAO e pela OMS.
A delegação brasileira foi liderada pelo Ministério das Relações Exteriores e contou com o apoio técnico de especialistas do Inmetro, Mapa, Anvisa e outros órgãos, além de representantes da iniciativa privada. Estudos comprovaram a necessidade da adaptação, que foi aprovada após consenso entre os países membros do Codex.
Com o reconhecimento internacional, o Brasil reforça sua posição no mercado global, fortalecendo sua vitivinicultura e abrindo novos horizontes para a exportação de um produto com identidade única.
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